O MARKETING DO TURISMO e o sucesso empresarial
Reproduzimos aqui um artigo de Abílio Vilaça, Professor Especialista do ISAG, publicado a 3 de Julho na Vida Económica.
"A hospitalidade e a indústria das viagens estão a passar por rápidas mudanças. Os conhecimentos de hoje, já não se aplicarão dentro de quatro ou cinco anos. O nosso país, consegue ter uma hospitalidade extraordinária, ou seja, a capacidade de partilhar a nossa cultura, a nossa gastronomia e o nosso território de forma sempre simpática e acolhedora, oferecendo ainda um ambiente de segurança, sempre destacado por quem nos visita.
Somos considerados um país muito interessante do ponto de vista turístico. Temos património cultural, património religioso, história, tradições, um clima agradável e uma qualidade de serviços muito interessante.
Os grandes operadores começam a ver Portugal num outro prisma. País com muito potencial para o turismo e que tem a capacidade de tornar feliz quem nos visita. Oferecemos experiências novas e damos emotividade aos turistas que vão chegando.
Os operadores turísticos recorrem a uma filosofia de gestão conhecida por marketing, para potenciar o desempenho das suas empresas e sobretudo dos seus resultados económicos.
O marketing é visto por alguns autores como uma arte e uma ciência. Uma arte que acresce uma certa ambiguidade ao marketing e o faz tão fascinante na sua construção e implementação. As empresas modernas não conseguem viver sem marketing, as que não o utilizam vão morrendo dia a dia.
O marketing para o turismo está a mudar, está a evoluir para uma segmentação muito especializada por produto turístico. Trabalhar o segmento de turistas que compram produtos turísticos de curta duração, tecnicamente referidos city breaks, ou short breaks, usando companhias aéreas de baixo custo, é diferente de trabalhar o segmento de consumidores que compra turismo aventura, turismo natureza ou enoturismo.
O marketing do turismo vem responder ao importante desafio de despertar o interesse por novos produtos de turismo em Portugal como acontece com o turismo religioso. Sabemos que o turista informado quer história, cultura e património, integrado na experiência de uma gastronomia, ligada a uma tradição popular apoiando uma vivência pessoal.
Turismo de emoções é um novo paradigma que os DINK (casais que possuem dois rendimentos e sem filhos) e os YAS (Jovens seniores activos). Procuram viajar em épocas de menor procura, fugindo á época alta, que favorece o combate á sazonalidade. Têm paixão pela hospitalidade, gostam de ser "mimados", não geram problemas pois respeitam de forma exemplar a cultura e tradições dos locais visitados.
A constelação do turismo introduz a necessidade de assumir o desenvolvimento do turismo como um desígnio para a economia das cidades e do país. Os segmentos emergentes do mercado, já referidos anteriormente constituem um mercado de consumidores extremamente dinâmico e muito exigente. Os novos turistas estão bem preparados, são organizados, são selectivos e têm experiência de viagens.
Num período em que mais de 25.000 aviões atravessam diariamente os céus da Europa, os operadores turísticos, os gestores hoteleiros, os agentes económicos não podem estar agarrados a velhas ferramentas, ou a tecnologias desactualizadas.
As empresas e sobretudo as PME têm vindo a despertar para as novas realidades, nomeadamente no domínio da gestão de recursos humanos. A gestão de talentos e do talento, a gestão de conflitos e do caos. Os tempos de crise exigem uma nova métrica e um novo olhar para as problemáticas que vão surgindo. Os velhos planos de actividades e de negócios estão a ser substituídos por planos de oportunidades. A forma como se vende e compra mudou. O mercado está a mudar continuamente, exigindo pro-actividade e mente aberta para compreender essas mudanças em favor das organizações.
Neste contexto o marketing desenvolveu uma nova abordagem para o sector do turismo, designado de marketing do turismo, capaz de utilizar as técnicas e métodos de forma mais inteligente em favor do progresso das empresas.
O produto turístico é um produto designado como intangível, que não se pode armazenar e não sendo usado, nunca mais se pode recuperar. É esta realidade que exige uma melhor preparação dos recursos humanos dedicados ao sector do turismo.
Neste propósito deve reflectir-se sobre a importância do marketing do turismo na formação dos profissionais e do reforço dessas competências. Um museu, um restaurante, uma rota turística não têm sucesso se não se compreender as necessidades dos consumidores. Como tal a concepção do produto turístico deve ser construída tendo presente a sua orientação para a satisfação do consumidor.
É conhecida a expressão "clientes felizes compram mais". No marketing do turismo não se fica apenas por esta ideia, pois é sabido que o sucesso das empresas resulta da satisfação dos clientes e da sua aceitação em se constituírem como promotores involuntários de um destino que os marcou positivamente. A transmissão da sua experiência junto de amigos e familiares potencia que aqueles venham a seguir a sugestão. O marketing do turismo ganhou por isso um estatuto próprio e requer um estudo e conhecimento aprofundado."
Nota: Tomámos a liberdade de fazer uso da ortografia prévia ao AO 1990.